Hoje dispenso flores
- Ingrid Garcez

- 9 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de fev. de 2020
Hoje dispenso flores e todas as frases prontas, só quero te pedir para tentar entender nossa luta. Esqueça dos chocolates, mas coloque a mão na consciência, por favor. Tente entender a nossa luta, compreender o que passamos diariamente. Tenho direito de um pedido nesse dia 8? Cara, então presta a atenção, queremos respeito. Só isso.
Nós mulheres, só queremos empatia. Que você se coloque em nosso lugar. Peço para que você reflita sobre toda a nossa trajetória e nossos machucados, causados por vocês do sexo masculino. Ser mulher vai além da dupla jornada (que por si só não é nada fácil). Tão pouco tem a ver com o malabarismo entre a mãe, esposa e dona de casa. Sabe o que é ser mulher? É ter que despertar todo santo dia ligada no 220 e estar disposta a dar o melhor de si e saber que talvez, nem isso seja suficiente para ser considerada “tão boa” quanto alguém que nasceu com o cromossomo Y.
Não é fácil ser mulher. E não, não é sobre viver com um salto 24 horas por dia, afinal nem sempre é assim. Na real, essa própria ideia de mulher dentro de um vestido apertado já ferra com tudo. Esse estereótipo de Barbie não deveria nem existir, aliás nenhum estereótipo deveria existir. Não venha nos inferiorizar a mocinhas frágeis, não somos indefesas e não esperamos ser salvas por um príncipe em seu cavalo branco. Queremos uma pessoa de verdade, sem essa história de conto de fadas, que nos valorize 365 dias no ano.
Cara, sabe o que é? Eu não preciso de frases decoradas e clichês. Eu só preciso que você não me chame de puta quando passo batom vermelho. Eu preciso que você respeite meu espaço no transporte público, sem ficar me encochando. Pelo amor de Deus, eu preciso que você pare de se sentir no direito de assoviar quando passo com uma roupa mais justa ou curta. Sou muito mais do que a roupa que visto, isso não diz nada sobre meu comportamento. E quando eu não puder me defender por excesso de álcool no sangue, não aproveite para “tirar uma lasquinha”. Tenho o direito de me divertir e não acabar estuprada.
Nesse dia 8 de março, eu peço que você entenda verdadeiro significado da nossa luta. O peso e a importância de um mundo mais justo. Como a vida de nós, mulheres, pode acabar (literalmente) graças a homens que se julgam no poder. Esse entendimento vale muito mais do que qualquer presente, te garanto.









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