A melhor solidão
- Ingrid Garcez
- 26 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Hoje acordei decidida a sentir a solidão em seu modo mais puro. Sair, olhar para o lado e ver que o vazio existe, e que mesmo assim está tudo bem. Despertei com vontade de lidar com o oco, sem precisar convidar o concreto para preencher minhas arestas.
Abri o armário, tirei o pó do ego e o vesti, peguei na mão da alma e fui passear para sentir a solidão na pele. Ela extraiu de mim algumas lamentações, é verdade. Mas também arrancou alegrias enquanto tirava esse tempo para poder refletir sobre qualquer coisa, como essas que nos fazem ter vontade de mudar a vida de uma hora para outra, da maneira mais absurda e simples. Dessas coisas que fazem nosso coração acelerar em um segundo e conquistam o mundo com apenas uma volta.
No meio desse lapso mental, também coloquei para fora a saudade, ela queria tomar sol. Me lembrei daquela viagem para a praia que não saiu nenhum pouco conforme o planejado, sorri sozinha na rua e pareci maluca, mas dei de ombros para a opinião alheia. Fiz um trato comigo, dessa vez levaria o amor próprio como companhia e, se ele não se fizesse presente em alguns dias, iria mesmo assim.
Levantei com o objetivo de colocar tudo para fora do peito, coisas boas e coisas ruins. Para sentir, reavaliar a importância e organizar novamente tudo o que ainda fosse necessário. Afinal, a bagunça de dentro leva tempo para ficar impecável. Ou, ao menos, habitável para acomodar o que ou quem mais chegar.
Hoje eu me amei por um dia inteiro. Me amei da maneira mais sincera e singela. Nem lembrava mais o quanto sou bonita por dentro. Tirei proveito de mim e apreciei minha própria companhia até o último pensamento. Foi tão leve, me sinto presente em mim em cada ação e concepção. Mesmo que não seja nada ou que seja tudo, que seja ofício ou sacrifício. Eu me amei por mim, porque companhia que te preenche com tão pouco, te faz renovada.

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