A trajetória da jovem fundadora das Tortinhas da Jú: Da necessidade ao sucesso
- Ingrid Garcez
- 25 de fev. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 7 de abr. de 2020
Os desafios e responsabilidades da faculdade e, agora, do seu próprio negócio aos
20 anos de idade

Júlia Morais nasceu na cidade de Taubaté, em 15 de abril de 1999. Quando criança, por volta dos três anos de idade, a menina do interior paulista tinha um sonho: ir para além da Terra dentro de um foguete e ser astronauta. Tempos mais tarde, o anseio pelo espaço se transformou em um encantamento pela moda e a pequena Jú, já com os seus 9 anos, desejava conquistar as passarelas do mundo mostrando as pessoas o seu talento como estilista. Porém, depois de tantos devaneios infantis, foi na faculdade de Publicidade e Propaganda da Universidade de Taubaté (UNITAU) que não mais a criança, mas a mulher Júlia se encontrou. Esse foi o início de uma nova jornada na história dessa taubateana, o que talvez ela e seus familiares não esperavam era o surgimento de mais uma novidade. Com a entrada na faculdade, apareceram também alguns imprevistos que fizeram com que Morais, como uma nata brasileira, fosse obrigada a se reinventar e dar os seus famosos “pulinhos”. E foi dessa maneira, em meio as necessidades, que Júlia iniciou no empreendedorismo com as Tortinhas da Jú. Em entrevista, ela revela seus planos, relembra como tudo começou e fala um pouco sobre suas aventuras no ramo empreendedor.
Ingrid Garcez - Como surgiu a ideia das primeiras Tortinhas da Jú?
Júlia Morais - Foi total da minha mãe, a primeira tortinha que eu fiz foi a de limão e era um doce que a minha mãe fazia muito em casa. A minha irmã chegou a vender também, ela teve um trabalho aqui na faculdade na matéria de empreendedorismo e tinha que criar alguma coisa para vender. Minha irmã mais velha não gosta de cozinhar, então minha mãe fez essas tortas e minha irmã trouxe para vender, mas só por conta desse trabalho, depois ela não trouxe mais, apesar de o pessoal ter gostado bastante. Então quando eu entrei aqui e bateu todo o desespero, eu pensei “Cara, a minha irmã já vendeu isso, deu certo. Ambiente de faculdade é um lugar que o pessoal está com fome, sai direto do serviço, então acho que vai dar certo”. Aí eu falei “Mãe, passa a receita que eu vou fazer”.
IG - Como você percebeu que seu negócio estava começando a crescer e poderia virar uma profissão?
Júlia Morais - Acho que foi pela demanda, até o momento que eu estava somente na faculdade ainda não botava muita fé. Eu trazia para cá, o pessoal gostava, eu vendia muito bem, mas ficava só no boca a boca. A partir do momento que eu decidi criar uma rede social, aí eu acho que eu senti que realmente ia para a frente. Não imaginei ainda que fosse chegar aqui, mas ainda sim deu um boom muito maior.
IG - Quando a sua conta do Instagram começou a bombar?
Júlia Morais - Foi na Páscoa desse ano, porque foi na época que eu ainda estava fazendo estágio. Tem toda aquela programação de um mês antes. Muitas pessoas vieram falar “Solta o cardápio”, foi quando essa expectativa começou a subir. Aí quando soltei o cardápio, não deu duas semanas para eu ir falar com a minha chefe e falar que ia sair mesmo, porque não ia dar conta e realmente teria dado. Acho que foi a partir dessa época, por ter ganho um nome maior por causa da Páscoa muita gente fidelizou e acabou ficando no delivery.
IG - Quem te ajuda a gerenciar as Tortinhas da Jú?
Júlia Morais - Meu namorado me ajuda, agora ele começou a me ajudar com a parte das mídias. Eu tenho a minha amiga que trabalha comigo, na segunda, quarta, sexta e sábado que é dia que a gente abre delivery. Ela trabalha comigo na produção dos doces e fica a tarde comigo na entrega. E meus dois motoboys.
IG - Em algum momento você já pensou em desistir?
Júlia Morais - Em vários, com uma frequência maior do que eu gostaria. Mas passa, passa bem rápido inclusive.
IG - Qual é a sua maior motivação para continuar?
Júlia Morais - Acho que principalmente é pensar em todo o esforço que eu tive para chegar até aqui e que se eu consegui chegar até aqui em tão pouco tempo, depende de mim. É o famoso “Está na sua mão fazer isso aí dar certo”, está totalmente nas minhas mãos.
IG - Qual é seu maior desejo para o seu negócio?
Júlia Morais - Eu acho que o principal passo que e o que vai me deixar mais realizada é abrir a minha loja. Esse é o principal assim “Preciso e vou fazer”, não importa quanto tempo leve para conseguir. Eu vou fazer, preciso abrir a minha loja, essa é minha primeira meta. Depois desse passo é daí para cima.
IG - O que você considera mais valioso na sua vida?
Júlia Morais - O apoio das pessoas. Eu não acredito que isso seja uma coisa que possa bloquear a gente, por exemplo: não tenho apoio, não vou fazer. Mas acho que isso tem um grande peso, você sentir que se você tombar, se precisar de ajuda vai ter alguém para te ajudar.
IG - Quem é o seu maior incentivador?
Júlia Morais - Eu acho que meu namorado me incentiva muito. Ele tem grande influência nisso e acho que até acima dos meus pais, meus pais são pessoas muito neutras. Eles apoiam, mas eles não ficam muito em cima. Quando eu compro alguma coisa eles me parabenizam e tudo mais, mas eu acho que os meus amigos me dão muito mais força, do tipo “Vai, faz. Nossa que legal”, interagem mais com o que eu estou fazendo.
IG - Quem são suas maiores referências como empreendedoras?
Júlia Morais - Do Vale, uma pessoa que me ajudou muito e ainda me ajuda, é a Malu (Malu Brigadeiros & Cia). Mas se for para colocar para fora as doceiras grandes, tem a Mariana Perdomo que é de Goiânia, ela é absurda, acho que é a maior que eu conheço e acompanho. Tem várias outras, como a Bruna Trufas. Elas são muito referência de garra.
IG - O que uma pessoa tem que ter de diferencial para criar o seu próprio negócio?
Júlia Morais - Acho que o principal é coragem. Você tem que colocar na sua cabeça que não tem nada a perder. É muito clichê, mas é o famoso “O não você já tem”. Tem muita gente que pensa demais, do tipo “Nossa, mas e se não der certo”. Cara, não deu, simples. Você cancela, aborta missão e parte para a próxima. Ou então dá uma estacionada e repensa o que você quer.
IG - O que você diria a uma pessoa que quer começar no seu ramo?
Júlia Morais - Eu acho que a pessoa tem que estar preparada para lidar, tanto com o não dar certo, para não desanimar, porque pode não ser o momento por conta da concorrência estar muito alta. Mas ela também tem que estar preparada para o crescimento repentino, eu queria que alguém tivesse me dito que poderia ter crescido do nada e eu tinha que estar preparada para isso.
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